Parobé Sob Pressão: Tarifa de 50% Imposta por Trump Pode Romper o Equilíbrio da Indústria Calçadista
Parobé, RS – A imposição de tarifas pesadas sobre produtos brasileiros, com retaliação similar por parte do Brasil, acende um alerta vermelho para a indústria calçadista do Rio Grande do Sul.
Economia | Comércio Exterior | IndústriaPublicado em 10/07/2025 às 22h52
1. Exportações do Setor Calçadista Seriam Duramente Atingidas
Os Estados Unidos são, de longe, o maior comprador de calçados brasileiros, e o Rio Grande do Sul figura como um dos principais estados exportadores. Uma tarifa de 50% agiria como um muro, encarecendo drasticamente o produto brasileiro no mercado americano. Isso tornaria nossos calçados muito menos competitivos em comparação com os de países asiáticos, como Vietnã, Indonésia e China, que já possuem custos de produção mais baixos.
Se essa medida de 50% for aplicada sobre os calçados brasileiros, o impacto negativo seria imediato e devastador para o setor, afetando diretamente cidades como Parobé, Novo Hamburgo, Igrejinha, Três Coroas e Sapiranga.
EUA: entre os maiores importadores de calçados brasileiros De acordo com a Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), em 2024 o principal destino foi mesmo os EUA, com 10,28 milhões de pares exportados, totalizando US$ 216,3 milhões.

Em 2023, o relatório da Abicalçados também confirma: EUA foram o principal mercado, sendo “o maior destino do calçado brasileiro no exterior” . Em 2025, os EUA mantiveram a liderança, figurando como destino número 1, exportando cerca de US$ 199 milhões em calçados brasileiros (20 % do total)
O resultado seria uma queda brusca nas exportações, cancelamento de pedidos e uma perda significativa de mercado nos EUA. Para ilustrar, um par de calçados que hoje custa US$ 20 nos EUA, com a tarifa de 50%, saltaria para US$ 30. Esse valor o colocaria no mesmo patamar, ou até acima, de marcas premium asiáticas ou mesmo americanas, tirando qualquer vantagem de preço.

2. Produção e Empregos em Risco Iminente
O setor calçadista é um dos que mais empregam no Brasil, sendo intensivo em mão de obra e com uma forte dependência das exportações. Com a redução drástica dos pedidos, as fábricas gaúchas seriam forçadas a tomar medidas drásticas. Veríamos cortes na produção, diminuição de turnos de trabalho e, consequentemente, demissões em massa.
Municípios como Parobé, Novo Hamburgo, Igrejinha, Três Coroas, Sapiranga e outras cidades do Vale dos Sinos e Paranhana, que têm sua economia fortemente atrelada à indústria calçadista, sentiriam o impacto de forma imediata e severa. Milhares de famílias dependeriam de um setor em crise profunda.

3. Desvalorização das Empresas Exportadoras
As grandes empresas calçadistas do RS com forte presença no mercado norte-americano, como Arezzo, Grendene, Beira Rio, Piccadilly e Dakota, enfrentariam uma queda vertiginosa no faturamento, acúmulo de estoques parados e até perdas cambiais significativas.
Embora algumas empresas pudessem tentar realocar parte da produção ou focar em mercados alternativos na América Latina e Europa, essas ações dificilmente compensariam a perda do mercado americano no curto e médio prazos. A recuperação seria lenta e custosa.
4. Retaliação Brasileira Afetaria Insumos e Máquinas
Se o Brasil decidisse retaliar, aplicando uma tarifa de 50% sobre produtos americanos, a indústria calçadista seria duplamente prejudicada. Essa medida encareceria a importação de máquinas industriais para calçados, componentes químicos essenciais (usados em couros, solados, tinturas e adesivos) e soluções tecnológicas, como softwares de automação.
Isso tornaria a produção local mais cara e menos eficiente, aumentando a dependência de fornecedores de outros países, como China ou Europa, que podem não oferecer as mesmas condições ou tecnologias no curto prazo.

5. Impacto na Cadeia de Suprimentos e Inovação
Grandes empresas americanas que compram calçados brasileiros sob suas próprias marcas (OEM/ODM), como **Walmart ou Target**, poderiam romper contratos, buscando fornecedores em outros países. Além disso, o setor perderia importantes parcerias de design, tecnologia e logística com empresas dos EUA, que são cruciais para a competitividade.
Essa ruptura travaria a inovação, dificultando a modernização e a capacidade de adaptação da indústria calçadista gaúcha às novas tendências e exigências do mercado global.
Outras Notícias e Análises Sobre a Crise Calçadista:
- Análise de Tarifas e Competitividade: Abicalçados reage à tarifa de 50% de Trump e alerta para impacto.
- Impacto Econômico no RS: Notícias sobre a indústria calçadista no Rio Grande do Sul (GZH).
- Mercado Interno e Exportações: Relatórios de mercado e crescimento do setor (Abicalçados).
