Nova Parobé: Homem Ataca Terreiro e Acende Debate Sobre Intolerância
Nova Parobé, 21/07/2025, 22h42 — Na noite desta segunda-feira, uma pedra foi arremessada contra a porta do terreiro Ylê Pai Xangô, localizado na Rua 25 de Julho, na Nova Parobé. As câmeras de segurança da vizinhança registraram dois rapazes de aparência jovem, sendo que um deles executou o ato.
Religião | Intolerância | Segurança ComunitáriaPublicado em 22/07/2025 às 15h00
De acordo com moradores da rua — que possuem câmeras instaladas em diferentes residências — há um sistema de vigilância comunitária que facilitou a captação de imagens do instante exato da ação. Segundo o morador e testemunha André Preuss, a intenção é identificar o autor antes de encaminhar o caso às autoridades competentes. O rapaz de menor estatura que aparece na imagem foi quem jogou a pedra
A hipótese inicial, ainda sob investigação, é de que o autor seja aluno de uma escola local. O motivo permanece desconhecido no momento, assim como eventuais vínculos com intolerância religiosa contra religiões de matriz africana.
📊 Cresce a Intolerância Religiosa no Brasil
Não se trata de um caso isolado: entre 2023 e 2024, as denúncias de violações à liberdade religiosa registradas pelo Disque 100 aumentaram 66,8%, passando de 1.481 para 2.472 casos. As religiões de matriz africana — como umbanda e candomblé — foram as mais afetadas, com 151 e 117 denúncias respectivamente, sendo os cultos afro-brasileiros os principais alvos de ataques.
No Distrito Federal, por exemplo, 48% das denúncias de intolerância religiosa entre janeiro e outubro de 2024 se dirigiram contra adeptos dessas tradições, apesar de representarem apenas uma pequena fração da população local.

⚖️ O Quadro Legal
A Constituição Federal (art. 5º, VI) assegura o direito à liberdade de crença e culto religioso.
A Lei nº 7.716/1989, atualizada pela Lei nº 9.459/1997 e, mais recentemente, pela Lei nº 14.532/2023, criminaliza ações motivadas por intolerância religiosa, com penas que variam de 1 a 5 anos de reclusão e multa, especialmente quando há injúria ou emprego de violência.
Já o Código Penal, no artigo 208, prevê detenção de 1 mês a 1 ano, ou multa, para quem “escarnecer ou perturbar cerimônia religiosa”; se há violência, a pena sobe um terço.

🧠 Ações Locais e Reação da Comunidade
Em resposta aos ataques a terreiros, diversas regiões do país, como Belo Horizonte, implementaram políticas públicas de proteção, como o projeto “Espaço Sagrado, Espaço Protegido”, que reduziu em cerca de 90% as denúncias em áreas com placas visíveis nos locais de culto.
Em Parobé, os moradores da Rua 25 de Julho estabelecem uma vigilância colaborativa — estratégia que permitiu documentar esta ocorrência com precisão.
Segundo André Preuss:
“Junto com uma equipe, estamos identificando os responsáveis. Assim que tivermos mais informações, as medidas legais serão tomadas.”
📌 Conclusão
Este episódio na Nova Parobé reafirma um cenário preocupante: as religiões afro-brasileiras continuam entre os principais alvos de intolerância religiosa no Brasil. O caso evidencia o papel estratégico da comunidade local na prevenção e denúncia desses ataques. A legislação brasileira é clara e prevê sanções rigorosas contra crimes de intolerância.
A sociedade, neste momento, pode atuar de forma decisiva: com informação, vigilância local e encaminhamento apropriado às autoridades, cada ato de intolerância pode ser transformado em oportunidade de educar, proteger e fortalecer a liberdade religiosa.
Outras Notícias e Artigos Relacionados:
- Direitos Humanos: Conheça seus direitos e como denunciar violações.
- Diversidade Religiosa: A importância do respeito a todas as crenças.
- Segurança Comunitária: Como a união de moradores pode proteger o bairro.
